Nasceu
em Luanda, hoje capital de Angola, na África em 1582.
Teve uma infância miserável como grande parte dos africanos de Luanda,
quando jovem casou-se tendo filhos com esta esposa que veio a falecer
depois de alguns anos.
Como a colonização do continente americano exigia trabalhadores braçais,
muitos africanos foram extraditados de seu país de origem para a América
do Norte, Central e do Sul. Entre esses milhares de negros que viriam a
ser escravos dos portugueses, estava Benedito, que chegou ao Brasil em
1646, com 64 anos, na cidade de Salvador, Bahia, acompanhado de alguns
de seus filhos.
Chegando na fazenda "Porto do Sol" em Salvador, Benedito foi
designado para ser trabalhador nas lavouras de cana-de-açúcar e na
retirada de pau-brasil, apesar da elevada idade.
Um dos grandes presentes que Benedito recebeu desde que chegou no
Brasil, foi o conhecimento a respeito de um homem que os portugueses
chamavam de Deus e Senhor, chamado Jesus. Benedito amou Jesus desde a
primeira vez que viu uma de suas imagens na casa grande da fazenda,
depois deste dia nunca mais se sentiu só e desconsolado, pois sentia
sempre a presença daquele quem ele havia elegido como Senhor.
Quando estava com aproximadamente 100 anos, já há 36 anos no Brasil,
foi vendido para outra fazenda também na Bahia, chamada "3 Marias".
Foi escravo de um homem de seus 30 anos, jovem e de coração duro e rígido,
mas que sempre respeitou Benedito desde o primeiro dia que este chegou
à fazenda. Com o tempo o senhor foi percebendo os dotes culinários de
Benedito, trazendo o velho Benedito para a cozinha da fazenda.
Durante todos estes anos que passou na senzala acompanhado de Joana (Mãe
Joana)e seus filhos, João (Pae João da Caridade), José (Pae José),
Ritinha, dispensou todo o tempo que tinha para abrandar o coração de
centenas de outros escravos da senzala ao qual deu o nome de Aruanda.
Falava sempre sobre o consolo que esperaria a todos os escravos após a
morte, nos braços de Jesus.
Com isso conseguiu evitar diversas revoltas na senzala Aruanda da
fazenda de "3 Marias", por isso todos os escravos respeitavam
e amavam muito ao velho Benedito ao qual eles chamavam de
"senhor", na língua nagô, "Pae".
Benedito sempre dizia: "senhor é apenas o Senhor Jesus Cristo, que
consola todos os desconsolados, pacifica todos os atormentados, amando
os odientos, perdoando aqueles que ofendem, unindo os que discordam,
dando luz àqueles que vivem nas trevas", incentivava a todos a
amarem mais que ser amados, dando mais que recebendo. Desta forma não
havia coração que não amolecesse em suas mãos.
Benedito casou-se com uma mulher bem mais nova que ele, chamada Joana,
que seria sua companheira por longos anos.
Quando tinha 126 anos nasceu mais um filho ao qual ele deu o nome de
Benedito e no ano seguinte nasceu no mesmo ano o filho do dono da
fazenda.
Os dois meninos sempre brincaram juntos, Ditinho com sua molequice e o
menino Cidinho, filho do dono da fazenda, com sua alegria.
Cidinho passava mais tempo na senzala com os escravos do que na casa
grande. Desde o seu nascimento Pae Benedito devotava um carinho muito
grande por Cidinho embalando seus sonos, e por várias vezes Cidinho
dormia no seu colo ao som de suas histórias na senzala e Pae Benedito o
levava para a casa grande.
Quando Ditinho, filho de Pae Benedito, completou 15 anos começou a se
envolver com libertação de escravos, trabalhando para livra-los da
fazenda.
Quando o dono da fazenda descobriu isto ele mandou que chicoteassem
Ditinho até a morte, desta vez Pae Benedito interviu e pediu para que o
dono da fazenda não fizesse aquilo.
- Por favo coronel, em nome de Jesus, não faça isso com o Ditinho.
Falou Pae Benedito
- Desta vez foi demais Benedito, eu esperava qualquer coisa desses
negros imundos, mas do seu filho... Isso foi um ultrage à minha
autoridade, ele vai pagar.
- Por favor, não, faça isso comigo, mas não com ele...
- Seja feita a sua vontade, velho Benedito, mas foi a sua vontade e não
a minha!
Os capatazes do coronel agarraram o velho Benedito com 140 anos de idade
e subiram uma ladeira até o tronco. Neste momento o Cidinho, o filho do
coronel começou a gritar desesperadamente, e o seu pai o segurou, e ele
gritava, cada vez mais alto.
Puseram Pae Benedito no tronco e cada chicotada era sentida pela centena
de escravos que foram trazidos para aprenderem o que acontece com quem
tenta fugir. Dona Joana e Cidinho choravam e gritavam.
O velho coronel não entendia porque seu filho se importava tanto com um
escravo, até que Cidinho de tanto gritar, desmaiou, e o coronel pediu
para que parassem de bater no velho escravo. Pae Benedito desmaiou sem
ter dado sequer um grito.
Pae Benedito foi jogado à beira da praia com ameaças de que, se alguém
tentasse fazer algo por ele receberiam o mesmo.
Mas as preces de todos foram ouvidas, alguns jesuítas recolheram a Pae
Benedito, que ficou desacordado por 22 dias, sendo tratado com bálsamos
e remédios para as chagas que lhe marcavam todo corpo.
O filho de Benedito, Ditinho, foi morto. O filho do coronel depois
daquele dia prostrou-se e depois de tomar um coice de um cavalo de raspão,
morreu. Na verdade morreu de saudade do Pae Benedito.
A resistência de Pae Benedito era tão grande que conseguiu se
recuperar, agradecendo a Deus e ao seu amado Jesus, pela assistência
recebida dos jesuítas.
Mas o seu amor e sua humildade marcaram tanto aqueles jesuítas que ele
passou a morar com eles, e a partir daí passou a atender as pessoas que
pedissem ajuda, aconselhando a todos, até influentes políticos da região
que iam constantemente pedir-lhe orientações.
Como os jesuítas não poderiam mais permanecer com ele ali, Pae
Benedito passou a morar numa pequena choupana na ponta da praia cedida
pelo capitão hereditário da Bahia, com sua terceira e última esposa.
Em 1752, morria de falência múltipla, com 170 anos Pae Benedito de
Aruanda, deixando 18 filhos, entre os quais muitos deles tornaram-se espíritos
de luz.
Após desencarnar foi recebido pelo espírito daquele a quem tanto
serviu, Jesus Cristo, que lhe disse:
- Vem Benedito, agora descansa, que logo mais é hora de trabalhar em
favor da humanidade!
Pae Benedito comanda na espiritualidade a falange de Aruanda, que tinha
sido um grupo de escravos e agora é um grupo de trabalhadores
ex-escravos na espiritualidade, a serviço do próximo.
Responsável pela área de assistência à família, crianças e assistência
social.
Desde a fundação do NEC, o Pae Benedito foi designado por Dr. Romano
para assumir essas tarefas, por ser uma área que requer uma condição
espiritual elevada com um grande amor e humildade que são sua marca
principal. |